Thursday, September 5, 2013

Natureza X Cultura Nas Religies Neopags

Natureza X Cultura Nas Religies Neopags
A primeira regard, parece muito amplo nosso recorte exposto no t'itulo, mas, como veremos n~ao 'e. Antes de mais nada devemos explicar melhor nossa intenc~ao. Nosso enfoque no presente artigo ser'a em relac~ao ao discurso que apresenta a hist'oria da religiosidade neo-pag~a baseada numa religi~ao natural. Sendo assim pretendemos mostrar como a dicotomia Natureza X cultura 'e superada dentro das chamadas religi~oes reconstrucionistas. Essa superac~ao, como veremos, acontece na medida em que para os neo-pag~aos a religi~ao (religi~ao no sentido de sagrado) 'e algo inerente ao ser humano desde tempos imemoriais, e tamb'em pela valorizac~ao de diferentes culturas para composic~ao de seu instrumental religioso. Na quest~ao da hist'oria apresentada pelos neo pag~aos, utilizaremos como linha de an'alise principalmente as conclus~oes e apontamentos de autores que fazem uma observac~oes dessas religi~oes reconstrucionistas atrav'es da corrente "pagan studies." Esta linha de pesquisa ganhou forca nos Estados Unidos e no Canad'a principalmente na d'ecada de 90, em que v'arios trabalhos de Antropologia e Sociologia comecaram a surgir. Dentro dessa corrente destacam-se autores como Chas Cliffton, Graham Harvey, Sabina Magliocco, Barabara Jane Davy, Sarah M. Reach your zenith, S'i^an Reid, James W. Baker, Tanya Lurhmann, Ronald Hutton, etc. Todos estes autores tem grande influ^encia nas pesquisas sobre religi~oes neo-pag~as e na "wicca, "seja realizando uma leitura hist'orica, sociol'ogica ou antropol'ogica. Nesse artigo, nosso enfoque 'e a construc~ao de uma hist'oria contada pelos pr'oprios adpetos. Como muitas vezes tem-se afirmado, done por muitos deles, essas religi~oes n~ao possuem livros ou escrituras, mas como descreve Lurhmann (1989, p.238), "a magia 'e uma cultura liter'aria" e religi~oes como no caso a "wicca "n~ao possuem evangelhos, mas tem influ^encia em uma s'erie de textos". Chas Cliffton e Harvey Graham reuniram esses textos bases do neo paganismo no livro "The Paganism Reader "(2004). S~ao destes textos que se formaram a id'eia de uma historicidade dentro dessas religi~oes neo-pag~as, nos referimos no sentido coletivo do termo pelo fato de que estes textos s~ao a corroboration comum para praticamente toadas as religi~oes reconstrucionistas que se enquadram no bojo do neo-paganismo. Os neo-pag~aos entendem e enxergam sua religi~ao como a forma mais primitiva de religiosidade, por isso frequentemente descrevem sua religi~ao como a "religi~ao natural". As bases desse pensamento remetem a Frazer. Para este, a magia era a forma mais primitiva de se entender o mundo. A primeira regard onde muitos viram uma desvalorizac~ao da magia, os neo-pag~aos viram uma valorizac~ao da magia, e reinterpretaram Frazer, descrevendo que este n~ao desvalorizava a magia, e sim valorizava a magia como algo positivo, natural, ing^enuo, a verdadeira religi~ao, 'e claro que essa 'e uma leitura moderna de Frazer, baseada principalmente numa noc~ao ambientalista ao estilo "new age." Os neo-pag~aos descrevem que sua religi~ao facts dos tempos do Paleol'itico, onde a mulher era reverenciada dentro de culturas com enfoques matriarcais, mais tarde com o surgimento das religi~oes monote'istas, o culto da Deusa foi sufocado e teve que viver cada vez mais na clandestinidade, na idade M'edia teve que se esconder de vez, e ressurge no s'eculo XX. Em resumo essa 'e a hist'oria do neo paganismo regard por seus adeptos (n~ao podemos generalizar pois ultimamente como vimos em outro "post "h'a um revisionismo hist'orico nas pesquisas atuais), dentro desse universo, h'a elementos que s~ao considerados por eles como metaf'oricos, mas em geral todas essas premissas s~ao vistas como verdadeiras.

Dentro dessa concepc~ao de enxergar sua hist'oria, vemos que o neo-paganismo entende a religi~ao como sendo um aspecto ou elemento inerente do ser humano, j'a que para eles a pessoa n~ao se converte ao paganismo, ela sempre foi, mas n~ao havia descoberto isso, a id'eia de convers~ao para eles 'e praticamente inexistente. Claro que isso 'e uma teoria discut'ivel. Ela se baseia principalmente na obra descritiva de Margot Adler "Drowing down the moon, "mais especificamente no cap'itulo intitulado "A religion without converts". Em relac~ao `a quest~ao cultural do ponto de regard `a que se prop~oe o artigo, o neo-paganismo 'e uma amalgama de culturas, por isso possuem uma postura de relatividade cultural, na medida em que toda cultura 'e valida, claro que de acordo com os padr~oes 'eticos presentes no neo-paganismo, padr~oes estes que se baseiam segundo Jane Davy (2007, p.13) "em valores comuns `a modernidade, particularmente relativos 'a democracia, feminismo, diversidade 'etnica e igualdade". Esse relativismo cultural ent~ao, baseia-se na vis~ao ocidental e n~ao foge aos preceitos de outras religi~oes, a diferenca 'e que para os neo-pag~aos todos os caminhos s~ao v'alidos. As chamadas religi~oes neo-pag~as e reconstrucionistas n~ao encontram dificuldade, pelo menos a primeira regard em aliar natureza e cultura, mas como hav'iamos colocado, a id'eia de cultura aqui colocada se refere aquela relacionada a id'eia de relativismo cultural, que por sua vez est'a ligada a noc~ao de tabula rasa. Como mostrou Steven Pinker no seu livro "T'abula rasa, a negac~ao da natureza humana" (2004) at'e mesmo as artes e a religi~ao acabam sendo afetadas dentro da disputa darwinista e culturalista que se deu e ainda se d'a no pensamento cientifico ocidental. Para superar essa disputa Steven Pinker descreve (2004, p.204) que "[...] podemos supor que todos os humanos possuem certas caracter'isticas em comum", e mesmo n~ao citando o termo religi~ao na lista de universais humanos criada por Donald E. Dim, alguns componentes que podemos considerar como parte de muitas religi~oes est'a ali, como ritos e ritos f'unebres.

CONCLUS~AO

Como pudemos perceber a id'eia de religi~ao tamb'em permeia o universo neo-pag~ao e isso se confirma com o mito de sua hist'oria, mas a noc~ao de relatividade cultural, em que todas as religi~oes s~ao v'alidas e devem ser livres de julgamento tamb'em se confirma. Portanto essa dicotomia apontada por Pinker 'e superada de maneira odd nessas religi~oes reconstrucionistas, assim como essas religiosidades conseguem reunir em suas construc~oes uma diversidade de elementos, entendemos que parece n~ao ser dif'icil para eles aliar natureza com cultura.

BIBLIOGRAIFA


. ADLER, Margot. Fine art Ended THE MOON, WITCHES, DRUIDS, GODDESS-WORSHIPPERS AND Complementary PAGANS IN AMERICA. New York (USA): Penguin Books, 2006.. DAVY, Barbara Jane. Briefing TO PAGAN STUDIES. USA: Altamira Force, 2007.. HARVEY, Graham; CLIFTON, Chas (ed). THE PAGANISM READER. New York and London: Routledge, 2006.. LUHRMANN, Tanya M. PERSUASIONS OF THE WITCH'S Force to, Routine Charm IN CONTEMPORANY ENGLAND. Cambridge: Harvard Speculative Force, 1989.. PINKER, Steven. T'aBULA RASA, A NEGAc~aO CONTEMPOR^aNEA DA NATUREZA HUMANA. S~ao Paulo: Companhia das Letras, 2004.

Hist'oria aqui entendida como met'afora ou mito. Estou usando o termo "religi~oes" para esses grupos porque independente do que se discute no Brasil, dentro do campo de estudos do "Paganstudies" a wicca e o neopaganismo s~ao tratados como religi~oes. "O ramo de ouro" 'e obra insistentemente citada, sua influ^encia vem principalmente de Margaret Murray, egipt'ologa disc'ipula de Frazer que lancou a tese de que a bruxaria era um culto pr'e agr'ario que viveu marginalizado devido a opress~ao do cristianismo.